Nos últimos anos, um número crescente de brasileiros tem investido quantias significativas em processos de imigração para os Estados Unidos, especialmente no que diz respeito ao visto EB-2 NIW (National Interest Waiver). Este visto se tornou atraente para profissionais altamente qualificados, pois promete a obtenção do green card sem a necessidade de uma oferta de trabalho, desde que o candidato demonstre uma qualificação excepcional e um impacto positivo em áreas de interesse nacional. No entanto, essa promessa pode se transformar em uma armadilha.
Um exemplo é o caso de J. L., um advogado brasileiro que tentou obter residência legal nos EUA através do EB-2 NIW. Ele relata que, apesar de ter preenchido todos os requisitos, foi negado duas vezes. Em sua última negativa, o parecer não se referia ao seu caso, mencionando erros que demonstravam que sua documentação não havia sido lida adequadamente. Essa experiência revela um problema fundamental no processo: as decisões são tomadas por oficiais administrativos do USCIS, que muitas vezes não possuem formação jurídica e têm poder absoluto de decisão, sem a necessidade de justificar suas negativas.
Esses oficiais atuam com total discricionariedade, o que significa que podem negar pedidos com base em critérios subjetivos, deixando os peticionários sem opções efetivas de recurso. Dados do USCIS indicam que a taxa de aprovação do visto EB-2 NIW nos últimos cinco anos variou entre 50% e 75%, dependendo do centro de processamento. No entanto, muitos dos pedidos aprovados vêm de profissionais norte-americanos ou de áreas tradicionalmente favorecidas, como ciência aplicada e tecnologia. Profissionais estrangeiros, especialmente na área jurídica, frequentemente enfrentam negativas, mesmo com dossiês bem elaborados.
Outro aspecto preocupante é a atuação de alguns advogados de imigração, que, em vez de informar seus clientes sobre os riscos reais do processo, garantem que o candidato é elegível e que as chances de aprovação são altas. Essa abordagem pode ser motivada pela busca de contratos que podem ultrapassar US$ 40 mil, incluindo honorários e taxas. O advogado pode apresentar a lei e os requisitos, mas muitas vezes omite que a decisão final é tomada por alguém sem a obrigação de seguir critérios objetivos, resultando em rejeições arbitrárias.
Casos como o de J. L. são comuns, e muitos brasileiros compartilham suas frustrações em redes sociais e fóruns especializados. Anos de preparação e investimentos significativos podem ser frustrados por decisões unilaterais e incoerentes. Portanto, é essencial que os brasileiros interessados no visto EB-2 NIW estejam cientes de que o julgamento é feito por funcionários do USCIS, não por juízes, e que a decisão pode ignorar os méritos do caso.
É fundamental abrir os olhos da comunidade sobre esses riscos. A experiência de J. L. serve como um alerta: é preciso estar bem informado e cauteloso ao embarcar nesse processo de imigração, para evitar cair em armadilhas que podem comprometer sonhos e investimentos. A responsabilidade sobre as decisões tomadas com base nas informações disponíveis recai sobre os próprios candidatos, e a conscientização é o primeiro passo para uma escolha mais segura e informada.
Autor: Jonhy Travor Barusko